A moral da pedra que rola sozinha

Uma pedra que se move sem intervenção externa desafia não só Newton, mas também a ética: se ela causar dano, é culpada? Atribuir intenção à pedra é erro categorial, mas talvez revele nossa tendência inevitável de antropomorfizar o inexplicável.

As leis da física num mundo sem massa

Se imaginarmos um universo sem matéria, mas com espaço e tempo, as leis da física se mantêm ou colapsam? Newton perde sentido, mas a matemática talvez sobreviva intacta. A física, nesse mundo, se tornaria filosofia pura — teoria sem substância para testá-la.

O silêncio como argumento

Em um debate, alguém permanece em silêncio absoluto. Não é omissão: é estratégia. Wittgenstein nos alertaria que aquilo que não se pode dizer, deve-se calar. Mas e quando o silêncio comunica mais que as palavras? Talvez aí resida sua força lógica.

O paradoxo do copo inútil

Um copo com fundo fechado é inútil para beber. Mas continua sendo um copo? Lao Tsé lembraria que a utilidade das coisas está no vazio que contêm. Sem vazio, o copo perde sua função, mas mantém seu nome. Aqui, a linguagem resiste à experiência.

Quando o relógio não mede o tempo, mas fabrica

Se todo mundo sincronizar sua vida com um relógio adiantado 5 minutos, aquele tempo “extra” passa a ser real no cotidiano. Bergson lembraria que o tempo é vivido, não medido. Nesse caso, o relógio não mede: ele cria uma realidade temporal consensual.

A ética do botão que nunca será apertado

Um botão de emergência em um elevador de prédio vazio não será usado. Mas sua mera presença impõe uma responsabilidade silenciosa: ele deve funcionar. Kant diria que o dever existe independentemente da ação. A questão: um dever sem possibilidade de execução ainda é dever?

Se a sombra pensa, quem projeta o pensamento?

Imagine uma sombra que desenvolve autoconsciência. Ela sabe que depende de um corpo para existir, mas começa a suspeitar que o corpo depende dela para se reconhecer como corpo. Essa simbiose paradoxal ecoa Platão: quem é o verdadeiro prisioneiro, a sombra ou quem a projeta?

A ontologia da cadeira que ninguém senta

Por que uma cadeira abandonada continua sendo uma cadeira? Aristóteles diria que sua essência permanece: ela foi feita para sentar. No entanto, se jamais cumprir essa função, podemos questionar se sua “cadeiridade” não se esvazia. Heidegger acrescentaria: talvez o seu ser só se realize no uso — fora dele, ela é apenas madeira organizada.